À medida que nos aproximamos do Natal e os mais novos vão adicionando
itens à sua lista de pedidos ao Pai Natal, é comum vermos um cão entre os últimos
brinquedos da moda.
As árvores de Natal coloridas, sob as quais se vão amontoando presentes, já
estão a ser montadas. Nos supermercados, os carrinhos de compras chegam às
caixas cheios, em antecipação da mesa que se quer farta na noite de Consoada e
no dia de Natal. Faz-se a lista da família e amigos que se vai receber durante esta
época. Revê-se a lista de prendas que os filhos mandaram ao Pai Natal e lá, entre
os últimos brinquedos da moda, vemos: “Querido Pai Natal, por favor traz-me um
cão.”
Mas será que a época natalícia é a melhor altura para trazer um cão para as nossas
casas? Muitas associações de protecção animal suspendem as adopções nesta
época do ano, para prevenir adopções impulsivas, para evitar que os cães (e os
gatos) sejam utilizados como presentes e tratados enquanto objectos que se
devolvem no início de Janeiro – porque a criança já não quer, porque o cão não se
comportou como esperávamos, porque afinal dá mais trabalho do que pensávamos
e chegados a Janeiro a última coisa que queremos é trabalho.
Se existem associações de protecção animal que suspendem as adopções, os canis
municipais – porque força da sua natureza e missão – continuam de portas abertas
às adopções nesta época.
Se deve ou não adoptar um cão no Natal depende muito das suas condições
particulares, das suas expectativas e do que está disposto a fazer/abdicar para
ajudar à integração de um novo elemento na família.
É importante ter consciência de que um cão adoptado não o conhece ainda, não
tem qualquer relação consigo ou com os outros elementos da família, não conhece
a nova casa, o novo bairro, não conhece rotinas nem sabe ainda o que pode ou não
fazer. O seu novo cão precisa de tempo para descomprimir, conhecê-lo e aprender
as rotinas e o que é esperado dele. É nos primeiros dias numa nova casa que os
cães adoptados tendem a fugir quando surge uma oportunidade, porque é tudo
novo e assustador.
Por isso, se vai andar num corrupio durante esta altura, sem tempo para se coçar,
se vai receber a família toda em casa na noite de Consoada ou no almoço do dia de
Natal ou vai viajar para longe para passar esta época com a família, então talvez
seja boa ideia esperar pelo novo ano para adoptar um cão.
Mas se o seu Natal vai ser tranquilo, só com os elementos de casa, sem grandes
correrias ou mudanças relativamente à sua rotina normal, então adoptar um cão que
está num canil pode ser a melhor decisão que tomará nesta época natalícia, porque
estará a dar àquele cão uma casa e uma família como prenda de Natal.
Pronto para mudar a vida de um cão?






Na nossa escola temos um lema: ‘Educar é diferente de treinar’, e nunca fez tanto sentido como neste projeto.
Se pensarmos naquilo que realmente importa quando falamos na adoção de cães provenientes de um canil, é que estes estejam educados numa perspectiva de integração na sociedade.
Acima de tudo, estes cães, com passados tão diferentes e duros, precisam deste trabalho de reintegração social, mais do que o treino formal dos tradicionais ‘sentas’, ‘deitas’, ‘ficas’ ou outros truques.
Focamo-nos muito em questões como o andar à trela, a manipulação em questões de limpeza ou idas ao veterinário, porque acreditamos que muitas vezes são causas associadas a estas questões que estão por trás de devoluções ao canil.
Trabalhamos também para que possam mais tranquilamente passar por cães à trela sem reagir, uma vez que o seu historial muitas vezes propicia que não tenham as melhores experiências com cães. A maior parte das vezes são obrigados a partilhar a sua box com cães que não gostam, que lhes mordem, e que simplesmente aprenderam a ignorar.
Tentamos por isso apostar num trabalho que vá de encontro ao equilíbrio de cada cão, que apesar de difícil pelo seu contexto, possa ajudar a fortalecer a sua confiança, com vista a um aumento da taxa de sucesso relativa às adoções.

Sabia que o olfato é o sentido mais apurado que os cães têm e que é através dele que processam informações sobre tudo aquilo que os rodeia ?
Uma vez que possuem 300 milhões de células olfativas e que 12,5% da massa total do seu cérebro se destina a processar odores, é essencial permitir que usem essas capacidades inatas.
Por vezes, temos a ideia que apenas o desgaste físico leva os cães a relaxar, negligenciando a estimulação mental.
No projeto Pelos2 temos em conta as carências dos cães que participam, e tentamos preencher estas lacunas com exercícios direcionados.
É importante também compreender que cheirar é um comportamento instintivo e uma necessidade básica que contribui para reduzir os níveis de stress e promover, portanto, o bem estar do animal. O mesmo acontece com as pessoas ; se assim não fosse, apenas os atletas chegariam cansados ao fim do dia.
Da próxima vez que levar o seu cão à rua tenha isto em atenção, e deixe-o meter o nariz mesmo onde não é chamado.






“A cada dia que passa soma-se energia e uma enorme alegria.
É incrível e gratificante ver a sua boa disposição constante, que não me é indiferente e me obriga a animar e transmite energia positiva.”
Ep de Santa Cruz do Bispo
10-11-2022
Passeios com o cão vão para além de uma prática simples voltada para a diversão do animal.
Os passeios contribuem para a saúde física e mental do cão, trazendo muitos benefícios para o bem-estar geral do animal e, não menos importante, conferem-lhes a oportunidade de por em prática comportamentos naturais mais aproximados com o
estado natural da espécie.
O exercício físico promovido pelo passeio também diminui o risco de doenças cardiovasculares e diabetes, melhora ou diminui a incidência de estados depressivos e ajuda a diminuir bastante o stress do dia-a-dia.
O passeio e todo o tipo de exercício físico é responsável pela liberação de endorfinas, uma substância natural produzida pelo cérebro, capaz de proporcionar mais disposição e ajudar na diminuição do stress, deixando o cão mais tranquilo.
Isto é de especial importância principalmente se nos referimos a cães de abrigos que passam a maior parte, senão a totalidade, do seu tempo num canil em espaços bastantes reduzidos e com níveis de stress muito elevados.
Para além do evidente dispêndio de energia para o cão, assim como da tão importante estimulação mental e cognitiva que advém dos passeios, tem também enorme importância a questão da socialização, tanto com outros seres da mesma espécie como com diferentes tipos de pessoas, para que futuramente não venham a desenvolver problemas comportamentais (se ainda forem cachorros) ou no caso de já mostrarem algum comportamento menos adequado, este poder ser trabalhado.
Muitas vezes é visível em cães de canil alguma desadequação social, decorrente da privação de socialização ou mesmo de experiencias menos boas com humanos ou outros cães.
É muito importante quando se adota um cão com este passado, recorrer à ajuda de um profissional da área que possa orientar e traçar um plano que vise a reinserção da forma mais harmoniosa possível.